Friday, March 30, 2007

Estudando evolução, aprendi que ela não visa fins. O que quer dizer que, o que quer que aconteça, poderia ter sido diferente. A vida surgiu, mas poderia não ter surgido. Sobreviveu por milhões de anos, mas poderia não ter sobrevivido. Nada está predeterminado, é tudo tentativa e erro. Acho que o que aconteceu com a civilização foi uma tentativa como qualquer outra, se é falha ou não cabe a nós decidir. Temos que questioná-la se realmente DESEJARMOS algo diferente. Não é que a civilização seja maligna, ela apenas não funciona para nossa condições. Em outras condições poderia ter funcionado, alguns insetos vivem quase como nós, consumindo tudo e indo embora. Os motivos pelos quais a civilização não funciona não eram conhecidos ANTES da civilização, por isso não podemos "culpar" os "criadores" da civilização. Devemos admitir agora a nossa responsabilidade em mantê-la. Por exemplo, se a civilização extingue 1 espécie a cada 20 minutos, somos responsáveis por isso, porque poderia ser diferente. Não podemos achar que isso é um fardo do destino, nós escolhemos continuar extinguindo essas espécies a partir do momento em que percebemos que isso estava acontecendo graça ao nosso modo de vida e não fizemos nada para mudá-lo, apenas inventamos desculpas e jogamos culpas uns nos outros.

Se a civilização fosse uma conquista biológica, nem sequer poderíamos criticá-la. Mas como é cultural, podemos SELECIONÁ-LA à maneira da natureza, ela nos deu essa capacidade quando nos deu cérebros. Porém, essa cultura também se faz crer necessária, ela se coloca como a coisa mais importante do mundo. Nós demos a ela essa capacidade, seja por querer ou não. Ela nos tira do papel de seres humanos e nos coloca no papel de civilizados, ou seja, se não formos civilizados não seremos nada. É uma armadilha, a cultura se tornou um parasita da mente humana. Que não o mata, mas cada vez mais drena toda sua energia para sua própria permanência. Não pode durar para sempre. No universo acontecem coisas assim, que tomam conta de tudo, quase da assalto. A luz, por exemplo, tomou conta do universo que era escuro. A vida em nosso planeta é outro exemplo. Não podemos dizer se essas coisas, a luz, a vida ou a própria espécie humana, são benéficas, maléficas ou se "funcionam". Só podemos criticar o que nós mesmos criamos. Acho que cada vez mais a civilização se torna algo indesejável, ela está cada vez mais desesperada para sobreviver, ameaça nos puxar para o abismo com ela. É como largar um vício. É a criação matando o criador. Mas é evitável. Se não fosse, a vida teria se extinguido no primeiro "erro". Sua capacidade de seleção é também uma capacidade de correção. Temos essa capacidade para tudo que criamos. Só não podemos achar que "corrigir" a civilização significa apenas evitar os efeitos, porque não iremos muito longe com isso.

janos biro

1 Comments:

Blogger Unknown said...

Legal, não me lembrava de ter escrito isso. Obrigado pela citação. Abraços.

8:11 PM  

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