Sunday, August 12, 2007

O Tao da subversão

O Tao da subversão

A arte de ser perigoso e discreto ao mesmo tempo

1. Levantar uma bandeira é se tornar um alvo fácil. Imagine o quanto é útil para um sistema de controle que todos os seus inimigos declarem expressamente suas intenções e levantem bandeiras vermelhas para mostrar precisamente seu número e localização. Além disso, contanto que fiquem apenas gritando e expressando sua revolta, eles são inofensivos. E se eles encherem demais o saco o sistema de controle sempre pode dar algo descartável para eles morderem. Se não pode mudar radicalmente a sociedade jogando o jogo deles. Identificar todos os descontentes e deixá-los aliviarem sua raiva atacando um prédio ou um fantoche com cara de bobo ao invés de atacar a visão de mundo que sustenta todo sistema de controle é a grande defesa da civilização.

2. Ler e escrever nas entrelinhas. Quem terá deixado de notar que o que os políticos dizem raramente é o que realmente pensam? Eles protegem seu real discurso e suas reais intenções por detrás de um discurso falso sobre justiça social e coisas assim. Apenas aqueles que conhecem o político em sua intimidade sabem seu verdadeiro discurso. Mas se por um lado não podemos dar bandeira, por outro não podemos nos esconder numa nuvem escura de retórica, como eles fazem. A solução é ler e escrever nas entrelinhas. Nada como uma metáfora ou uma boa ironia para passar a mensagem.

3. Plantar dúvidas. Além de precisarmos expor com clareza as implicações por debaixo dos discursos dominantes, é preciso que eles também evitar criar um novo discurso dominante, ou potencialmente dominante. E que discurso não é potencialmente dominante se você tem uma boa retórica? Se você usa os termos deles, você cai no jogo deles. Se você cria um termo muito bom e se apega demais a ele, eles vão se apossar do seu termo e transformá-lo em algo inofensivo. Certezas são difíceis de mostrar e fáceis de abalar. Já dúvidas são fáceis de ser plantadas, e difíceis de ser resolvidas. Alguns governantes e empresários sem senso de estratégia ainda acreditam que agitadores são realmente perigosos, e isso faz com que eles se sintam perigosos. Mas os mais experientes não têm medo porque sabem que agitadores apenas agitam as coisas, não são realmente perigosos.

4. Compreender pela ação. As únicas pessoas que vão entender o que queremos fazer são as pessoas que acompanham nossas ações de perto, e são as únicas que precisam entender. Pessoas confiáveis e próximas a nós. Pessoas com as quais podemos comunicar nossas ações sem dizer quase nada. Se eles quiserem descobrir meus planos, que eles contratem um telepata, e não um hacker.

5. Ação pela não ação. Muitas não ações podem ter mais efeito que as ações. O imposto que você paga vai direto para a construção de armas do sistema de controle. Não há neutralidade. As pessoas que estão "apenas levando a vida" são as grandes contribuintes do sistema. Há muitas coisas que fazemos automaticamente que são complemente desnecessárias para sua vida, mas muito necessárias para a manutenção do sistema.


6. Divergir e divertir. Divergir significa não ficar apenas tentando a mesma estratégia de novo, de novo e de novo. Você não precisa apoiar todos que dizem ser contra o sistema, mas também de nada adianta se opor a ele porque eles são "traidores" ou simplesmente não fazem a mínima idéia do que estão fazendo. Não é xingando seus amigos que você vai atacar o inimigo. Também precisamos nos divertir. É certo que não é nada divertido ver o mundo ser massacrado pelo sistema de controle, mas uma estratégia divertida é mais efetiva que uma estratégia monótona e previsível. Lembre-se que divergir e divertir tem tudo a ver com diversidade.

7. Sabotagem. Você pode fingir cooperação, quando na verdade está ganhando confiança para depois sabotar projetos de dominação. Mas eles também podem fazer isso, e depois que eles descobrirem seu truque eles vão ter um truque a mais para usar. A sabotagem é mais efetiva quando feita não como algo puramente técnico, mas como uma obra de arte a ser apreciada. Uma obra de arte não pode ser copiada sem perder o valor, já uma técnica pode.

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